quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Herança

Transbordam da caverna ocular

Lembranças controversas

Que incrivelmente fazem falta

A boca tremendo ao não falar

Afogada nas lágrimas de antigas conversas

Mentira que veste saudade

Armada na vaidade

Inchada na culpa em baixo dos olhos

De sangue seco, quase parado

O que se poderia ter feito já não é detalhe

Todo um poço de saliva para dizer o mais fácil

Que resta sedento no simples silencio desidratado

Fantasia de irreal infância

Refletida na cor neutra do arrependimento calado

Cinza na barba, escura no terno

Cada número com uma inocente sugestão

Pensa-se na casa, a velha e a nova

A doce do sonho

A amarga na decimal violada

6

1

Fica a herança para o próximo herdeiro

Legítimo, estranho, vale o que chegar primeiro

Que voe longe

E desapareça com a carta de perdão