quinta-feira, 26 de junho de 2008

Night Bon Vivant

Falava em terra prometida e oportunidades, mas a compreensão travava duelos com a facilidade. Havia esquecido a língua materna e com a nova fazia insalata. Nova seria algo impreciso. Deixara o esconderijo das montanhas geladas há 50 anos no mínimo.

“Não acredito que todos estes prédios estão aqui e a delícia das buzinas.”

Enchia os bolsos para cobrir as tangentes emergenciais e assim ganhou a simpatia do grupo rejeitado, no qual se incluíam as primeiras putas.

“Madames, signorine, lady’s di tutte le monde.”

Os subornos maiores resolviam-se com uma esperteza que se camuflava de inocência. O piedoso tem o hobby de fraquejar diante do ser rastejante. Assim foram construídos os impérios do futuro. Sobre a fragilidade daquelas carcaças.

“Porca Madonna, Signor Juiz. O que isso faz aqui ? Estou perdido.Não sei o que fazer. Juro que não sabia. Que surpresa ! Como isso foi acontecer ?”

Abriu um Night, em sociedade com um chefe de policia local. Proteção e garantia nos ingredientes do mesmo molho. Se comia bem naquele Night.

o Esse tipo de postura deve ser apreciado incondicionalmente. Se o grosso do lucro não vem da pizza e muito menos dos spaghetti, isso é uma outra conversa.

As práticas sexuais seguiram um rumo diverso da sua mentalidade. Não se pode imaginar a figura do velho Pompeo diante do que os evangélicos chamam erroneamente de prevaricação. Com a sua morte, a transformação do Night Bon Vivant em Club de troca de casais foi algo inevitável. Aliás, um estilo de vida chamado de Swing. Estilo que nunca foi o seu.

Primos e sobrinhos e todo tipo de parente vieram encontrá-lo na Nova Terra.

“E chi lo capisce ?”

Quando mulheres apresentavam-se na comitiva internacional, os limites eram demarcados com a zona gastronômica do Night. Famiglia e escândalo, combinação zero. Os rapazes encantavam-se com o leque vulvático do grande maestro desbravador. O homem que atravessou o oceano para provar que por trás ou dentro de uma vagina poderiam ser encontrados o destino, a fortuna e a risada. Pompeo assim reagia diante da inércia dos convidados. Boquiabertos e incrédulos, nem pareciam seus parentes.

“Èeee tocca...tocca...”

Um mito.

Um misticismo que é bastante incompreendido. Nada mais natural, por todas as razões e justificativas até então apresentadas. Se era difícil entender o que ele dizia numa frase mais elaborada, o que absorver então de toda uma linha de raciocínio ?

Toda a investigação foi cancelada, até porque a sua razão não ultrapassava o campo da curiosidade. O recado na verdade sempre esteve direcionado aos amantes do glutonismo. O Bon Vivant está perdendo o rumo. Não interessa nada nem nunca interessaram as esposas traídas, as separações e os divórcios, as trocas de casais, o marido voyeur que se masturba vendo a mulher sendo preenchida por um sado-machine a caráter, os subornos e armações políticas.

A pizza, principalmente A Pizza, deveria ser preservada em respeito a um nome. Crocante e imponente. Sem priorizar o recheio. Massa, molho – recheio. Uma pinça de dedos capaz de manter um equilíbrio com a presilha encaixada em qualquer extremidade.

O que vem servido atualmente mais parece uma posta de borracha. Uma sandália de dedos com a mozzarella em cima. Ou qualquer coisa que apenas se queira chamar assim. Tudo menos a di búfala, sicuramente.

Pra cada litro d´água, servem 50g de sal, 5g di lievito e algo maior que um quilo e meio e menor que dois quilos de farinha. Umas das fatias do segredo.

A fermentação é feita num repouso de quatro horas. Caminha de mármore e carinho. Muito fiscal já foi fisgado que nem peixe. A desculpa é sempre o tempo, a correria da grana. Mas se as portas fecharem e os urubus forem convidados pro literal bota-fora, não sobrará um fio de basilico pra desfarçar de louro. Um lençol úmido, que pode ser também um pano, é útil para confortar a criatura. Um centímetro de espessura, outra fatia do segredo.

O primeiro banho de uma criança. Qual é a mãe que esquece ? Olio extravergine d´oliva. Forno a lenha, 450 – 485 graus, e o mundo que se acabe ali, girando e ardendo como Tróia em chamas.

Falam em “presuntada” no Bon Vivant. Quem diria. A começar pela sonoridade. “Èee tocca...”. Terrível. Honra e respeito são termos extintos na boca (tudo o que se refere a ela) dos profetas pervertidos desse Novo Mundo, tão prometido quanto enterrado.

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