quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

MOSCAS


,Animas percorrendo minha cabeça nesse fim de março. Animais comendo animais e o apocalipse comendo todos eles. está escuro e quente e , além do silêncio, você ouve os seus filhotes gritarem.
Joguei o resto do jantar na lata de lixo e esperei as moscas. Elas chegaram e decidi me distrair com a televisão. Havia pessoas sendo baleadas, outras chorando, outras sorrindo, outras se beijando e outras vendendo e se vendendo. O apocalipse estava comendo os filhotes.
A janela me mostrava o que era a noite hoje. Pouco barulho e muito calor. A calçada está cheia de panfletos e coco de cachorro e as únicas linhas que tiro disso são as linhas de um conto ruim. E a juventude é uma alergia no cotovelo do mundo.
Pego um bocado de papel a rasgar jogando pela janela. Combinou com os panfletos no chão. Espalhados no chão. Hoje neva papel higiênico na minha avenida. Hoje apareceram moscas no meu lixeiro. É o fim de março e as pessoas se preocupam em se vender. E acham que comprarão suas almas de volta com perfumes e anti-depressivos. Como se comprar a alma não fosse absurdo o bastante.
Eu tinha saudade do meu lirismo louco. Sinto que perdi faz um tempo atrás, mas patologias sempre voltam. Se você nasceu pra isso, você morreu pra isso.
Se você é uma mosca, você morre uma mosca.
A noite está cheia de mim, e eu não aguento mais ela e esse calor. As noites aqui são sempre quentes e sem nada para ver. Sem oportunidades para a vida. Os que ainda tem alma, que sofram as conseqüências de fazer a coisa certa.
Afinal, o apocalipse está nos engolindo. Logo, logo chegarão as moscas.


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